Le blog de Mgr Claude DAGENS

"VOUS SEREZ MES TÉMOINS". Homélie à Fatima, le samedi 31 mai 2014

3 Juin 2014 Publié dans #Homélies

"VOUS SEREZ MES TÉMOINS". Homélie à Fatima, le samedi 31 mai 2014

Quand nous nous rassemblons pour l’Eucharistie, à Fatima comme dans chacune de nos paroisses, nous ne nous souvenons pas seulement de Jésus Christ ressuscité. Nous accueillons sa présence mystérieuse et réelle. Car il nous l’a promis : « Je suis avec vous tous les jours jusqu’à la fin des temps. » Et nous apprenons à former ce Corps immense, parfois blessé, mais toujours vivant, dont il est la tête, son Église qui est, au milieu du monde, le signe et le sacrement de sa Pâque, de sa victoire sur le mal.

L’événement du départ de Jésus, de son Ascension, est comme le premier moment de cette nouvelle forme de l’engagement de Dieu au milieu de nous. Mais dans cet événement est manifesté comme en germe ce qu’il y a d’étonnant dans cette Alliance nouvelle.

Car ce premier moment révèle un paradoxe. Jésus, le Ressuscité, se heurte à l’incompréhension de ses disciples, et pourtant, il ne craint pas de leur faire confiance et même de les envoyer en mission.

Le récit des Actes des apôtres est l’écho de cette incompréhension : « Seigneur, est-ce maintenant que tu vas rétablir la royauté en Israël ? » Ces hommes qui ont suivi Jésus, qui ont été les témoins de sa Passion, continuent à rêver d’un triomphe mondain. Ils espèrent être eux-mêmes associés à ce triomphe. Ils se voient déjà dans des positions de pouvoir politique. Quelle illusion ! Comme si la Passion de Jésus, ce grand combat contre le Prince du mensonge et la puissance des ténèbres, n’avait servi à rien !

Et pourtant, Jésus ne s’indigne pas. Il sait, lui, que ces hommes apprendront à se laisser saisir, au-dedans d’eux-mêmes, par la puissance mystérieuse de la Résurrection. Il sait qu’ils apprendront peu à peu à vivre de sa Pâque, parce que l’Esprit Saint qu’il leur promet viendra les habiter, les former et les conduire.

Voilà ce à quoi nous sommes appelés en tout temps et en tout pays : à connaître le Christ, avec la puissance de sa Résurrection et la communion à ses souffrances. Et, à certaines heures, lorsque nous sommes vaincus par le mal et conscients de notre faiblesse, alors, nous découvrons aussi que le Christ ressuscité est là, infiniment plus grand que nous, et qu’en même temps, il ne renonce jamais à faire de nous ses signes, pour que notre existence, nos gestes, nos paroles, nos silences et nos prières puissent manifester sa présence et sa miséricorde.

Il est avec nous chaque jour jusqu’à la fin des temps. Il est le Seigneur ! Il fait de nous les témoins de sa victoire sur le mal et la mort ! Et la Vierge Marie, sa mère, Notre-Dame de Nazareth, Notre-Dame de Jérusalem, Notre-Dame d’Éphèse et Notre-Dame de Fatima est associée à sa victoire. C’est pourquoi elle a toujours la liberté de se manifester à nous, comme elle l’a fait ici-même, par l’intermédiaire des « pastorinos » de la Cova da Iria. Elle s’approche doucement, comme Jésus s’approchait de ses disciples. Elle ne fait pas de reproches. Elle appelle à la conversion. Elle nous encourage à nous convertir au Christ et à son Évangile, en vivant les Béatitudes, en apprenant à nous désarmer, à vivre d’une dépossession réelle, à lutter contre tout ce qui menace la paix et la confiance parmi nous.

Répondre à ces appels nous oblige à sortir de nous-mêmes, à nous préoccuper du monde et à comprendre que l’Église du Christ en ce monde n’a pas à se préoccuper d’elle-même, mais à participer activement à l’histoire du Salut qui se poursuit.

Nous sommes du Christ, pour le monde. Nous sommes dans le Christ, « comme le signe et l’instrument de l’union intime avec Dieu et de l’unité de tout le genre humain » (Lumen gentium 1). Cela n’est pas un rêve. C’est un combat. C’est un engagement, c’est cet engagement radical et renouvelé auquel nous appelle notre bien-aimé pape François, quand il nous demande de former une Église « qui soigne les blessures, qui réchauffe les cœurs, qui marche dans la nuit », avec ceux et celles qui ont peur de l’inconnu et qui, parfois, trébuchent.

Qu’il est beau de nous reconnaître ici, à Fatima, comme les membres de cette Église militante, qui, inlassablement, se laisse réveiller par l’Esprit Saint, témoigne de ce qu’elle reçoit du Père des miséricordes et se donne, au nom de Jésus Christ, « pour la gloire de Dieu et le salut des hommes. »

+ Claude DAGENS, évêque d’Angoulême

"SEREIS MINHAS TESTEMUNHAS"

Quando nos reunimos para a Eucaristia, em Fátima ou em cada uma das nossas paróquias, não fazemos apenas a recordação de Jesus Cristo ressuscitado. Nós acolhemos a sua presença misteriosa e real. Porque ele nos prometeu: “Estou sempre convosco até ao fim dos tempos”. E nós vamos aprendendo a formar este Corpo imenso, às vezes ferido, mas sempre vivo, do qual ele é a cabeça - a sua Igreja que, no meio do mundo, é o sinal e o sacramento da sua Páscoa, da sua vitória sobre o mal.

O acontecimento da subida de Jesus ao céu, ou seja, da sua Ascensão, é como que o primeiro momento desta nova forma de compromisso de Deus connosco. Mas neste acontecimento está expresso como em gérmen o que há de surpreendente nesta nova Aliança.

É que este primeiro momento revela um paradoxo. Jesus, o Ressuscitado, vê-se confrontado com a incompreensão dos discípulos, e contudo não tem medo de confiar neles e até de enviá-los em missão.

O relato dos Atos dos Apóstolos é o eco dessa incompreensão: “Senhor, é agora que vais restaurar o reino de Israel?” Estes homens que tinham seguido Jesus, que foram testemunhas da sua Paixão, continuam a sonhar com um triunfo terreno. Eles próprios esperam ficar associados a esse triunfo. Vêem-se já em lugares de poder político. Que ilusão! Como se a Paixão de Jesus, esse grande combate contra o Príncipe da mentira e contra o poder das trevas, não tivesse servido para nada!

Apesar disso, Jesus não fica indignado. Ele sabe bem que estes homens, no mais íntimo de si próprios, aprenderão a deixar-se agarrar pela força misteriosa da Ressurreição. Ele sabe que, pouco a pouco, aprenderão a viver da sua Páscoa, porque o Espírito Santo que Ele lhes promete virá habitar neles, formá-los e conduzi-los.

Eis aquilo a que somos chamados em todo o tempo e em todo o lugar: a conhecer Jesus Cristo, com o poder da sua Ressurreição e com a comunhão nos seus sofrimentos. E, quando formos vencidos pelo mal e estivermos conscientes da nossa fraqueza, então aí, descobriremos, também, que Cristo Ressuscitado é infinitamente maior que nós, e que jamais deixará de fazer de nós sinais autênticos, para que a nossa vida, os nossos gestos, as nossas palavras, os nossos silêncios e as nossas orações possam manifestar a sua presença e a sua misericórdia.

Ele está connosco todos dias até ao fim dos tempos. Ele é o Senhor! Faz de nós testemunhas da sua vitória sobre o mal e sobre a morte! E a Virgem Maria, sua Mãe, Nossa Senhora de Nazaré, Nossa Senhora de Jerusalém, Nossa Senhora de Éfeso e Nossa Senhora de Fátima está associada à sua vitória. Por isso é que ela tem sempre a liberdade de se manifestar a nós, como o fez aqui, por intermédio dos “pastorinhos” da Cova da Iria. Aproxima-se com doçura, tal como Jesus se aproximava dos discípulos. Não faz repreensões. Chama à conversão. Dá-nos coragem para nos convertermos a Cristo e ao seu Evangelho, vivendo as Bem-aventuranças, e aprendendo a deixar-nos desarmar, para vivermos num desprendimento autêntico, e para lutarmos contra tudo o que ameaça a paz e a confiança no meio de nós.

Corresponder aos seus apelos obriga-nos a sair de nós mesmos, a preocupar-nos com o mundo e a compreender que a Igreja de Cristo neste mundo não tem de se preocupar consigo mesma, mas tem de participar ativamente na história da Salvação que prossegue.

Somos de Cristo, para o mundo. Somos em Cristo, “como que o sacramento, ou sinal, e instrumento da íntima união com Deus e da unidade de todo o género humano” (Lumen gentium 1). Não se trata de um sonho. É um combate. É um compromisso, é aquele compromisso radical e renovado a que nos convida o nosso querido Papa Francisco, quando pede para formarmos uma Igreja “que trate das feridas, que inflame os corações, que caminhe na noite”, com aqueles e aquelas que têm medo do desconhecido e que, por vezes, vacilam.

Como é belo, aqui em Fátima, reconhecermo-nos como membros desta Igreja militante, que, incansavelmente, se deixa despertar pelo Espírito Santo, que manifesta o que recebe do Pai das misericórdias e que se dá, em nome de Jesus Cristo, “para glória de Deus e salvação dos Homens”.

+ Claude DAGENS, bispo de Angoulême

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